DEMÊNCIA: uma condição (não só) clínica

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DEMÊNCIA: uma condição (não só) clínica

A Organização Mundial de Saúde estima que em todo o mundo existam 47.5 milhões de pessoas com demência, número que pode atingir os 75.6 milhões em 2030 e quase triplicar em 2050 para os 135.5 milhões.

No Relatório “Health at a Glance 2017” da OCDE publicado a 10 de novembro de 2017, Portugal é referido como o 4º país com mais casos de demência por cada mil habitantes. De acordo com este relatório, a estimativa do número de casos de pessoas com demência em Portugal subirá para os 322 mil casos até 2037. Apesar de termos evoluído bastante nos últimos anos, de ter sido aprovado o Estatuto do Cuidador Informal, o nosso país carece de respostas mais competentes na área das demências (eg., diagnósticos tardios e pouco específicos; a articulação entre os cuidados de saúde primários e as unidades hospitalares não facilita o encaminhamento; a atenção ao cuidador informal é parca; as estruturas de apoio existentes não atendem muitas vezes às reais necessidades e competências das pessoas com demência e dos seus cuidadores; impera o estigma, pesado, associado a esta doença...). Falar sobre demência numa perspetiva multidisciplinar, mais positiva e otimista, baseada na experiência e partilhá-la é nosso maior objetivo.

 

 

Quantas instituições temos que cuidam desta população?

 

Normalmente as pessoas diagnosticadas com demência têm mais de 65 anos, têm acesso, portanto aos vários apoios, serviços e instituições disponíveis em Portugal para esta população: Estruturas Residenciais, Acolhimento Familiar; Centro de Convívio, Centro de Dia, Unidade de cuidados continuados. Infelizmente a prevalência da demência precoce (menos de 65 anos) tem vindo a aumentar, o que significa que temos pessoas cada vez mais jovens a frequentar estes espaços. Já existem algumas respostas especializadas, mas muito aquém das necessidades e muitas vezes só acessíveis aos mais privilegiados.

O programa hOpeningDementia é uma resposta concreta, realista e inovadora que contribui para a capacitação da pessoa com demência, do cuidador, das organizações e da comunidade. No hOpeningDementia criam-se momentos, facilitam-se aprendizagens, trocas de experiências, de ideias e produtos, entendendo cada uma das ações como forma de produção coletiva de conhecimento.

Propõe dinâmicas e atividades que facilmente se experimentam e integram na rotina diária da pessoa com demência, admitindo nesta, um TEMPO de PRAZER para si e com a pessoa a quem presta cuidado.

 

 

A demência não tem de ser só perda, desespero, comportamentos inusitados ou respostas incomuns

 

Reconhecer criatividade, arte e engenho na pessoa com demência ajuda-nos a promover estas competências, afirmando-as como forma de trabalho e estimulação complementar. 

Como psicóloga em equipamentos sociais para pessoas idosas há mais de duas décadas, na demência encontro os maiores desafios, que me levam à procura constante de um equilíbrio difícil entre sonhos, vontades, barreiras, inconsistências políticas e práticas de distintos intervenientes.

A maioria das instituições que apoiam pessoas idosas em Portugal depara-se com  escassez de elementos críticos que permitem garantir a prestação de serviços com a qualidade a que se propõem e pelos quais diariamente tantos milhares de pessoas trabalham. Estes elementos fundamentais são comummente o tempo, os recursos humanos e os recursos financeiros.

 

 

Que soluções são propostas? Quem é que as pode preconizar?

 

O benefício direto comprovado, a originalidade e o carácter inovador afirmam o hOpeningDementia como ferramenta de trabalho efetiva, complementar e integrada com as existentes. Prova ser um recurso diferenciador para as organizações e para os cuidadores. Capacita, desafia e incentiva outros profissionais a práticas colaborativas.

Sabemos que cada formando vai interpretá-lo e usá-lo de forma diferente, porque a sua situação é única, particular e impossível de comparar.

 

Esta especialização foi desenhada para quem cuida (instituições e pessoas) e quer ideias inovadoras, criativas e concretas que permitam na prática diária trabalhar com pessoas com demência, independentemente do estado de evolução da doença e apoiar os seus pares e cuidadores. Pensada como projeto que será construído com os formandos que em vários momentos serão convidados a uma participação e interação ativa, que se traduzam em ganhos determináveis na tarefa de cuidar.

Esperamos que esta especialização vos convide a partilhar e a mostrar um olhar mais capacitado, sem deixar de ser realista, do que é a demência e nos convide a muitos momentos de reflexão e criação conjunta.

 

 

 

Pretende aprofundar os seus conhecimentos sobre demência? Inscreva-se na Especialização Avançada em Demências: programa de intervenção hOpeningDementia e conheça todas as particularidades deste tema.

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Artigo da autoria de:
Ana Alexandra Costa

Licenciada em Psicologia pela Universidade do Minho, pós-graduada em Neuropsicologia e Demências pela Universidade de Barcelona. Cofundadora da Associação Design Includes You. Docente convidada na Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica (2011-2014). Há 15 anos que trabalha junto da população idosa com especial interesse e experiência na área da demência. Em 2011 criou um projeto de investigação e intervenção na demência através da arte e outras metodologias participativas. É desde 2009 responsável pelo Serviço de Psicologia Gerontológica e Geriátrica da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia. Membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses (nº 1115).

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